domingo, 20 de janeiro de 2008

Pingüins, lobos e elefantes





























Os últimos três dias foram dedicados a pingüins, lobos marinhos e elefantes marinhos. As escalas foram nas reservas de Dos Bahias, Punta Tombo e Península de Valdés.
A primeira parada foi em Camarones. Com seus 1200 habitantes e localizada na beira do mar, a cidade tem lá sua simpatia. Pelos menos o suficiente para compensar os mais de 130 km de ripio que levam até ela. A cidade tem, além da pingüineira, o título de Capital do Salmão anunciado na entrada por um monumento de mau gosto com um enorme peixe morto sobre uma pedra.
Na Oficina de Turismo descobrimos que o melhor lugar da cidade para comer e passar a noite era o camping municipal, ao lado do prédio e na beira do mar. Depois notamos que havia um hotel com restaurante, mais caro do que muito hotel de cidade grande que passamos. Ficamos no camping.
O salmão de Camarones é estranho. Chamam de Salmão Branco e em nada lembra a carne rosada que estamos acostumados a ver. O peixe tem escamas (o outro tem couro) e seu sabor lembra um pouco a garoupa, embora mais tenra. A sua preparação pela senhora que administra o camping é simples, só grelhado com algumas ervas, mas o resultado é bom. Pedimos também uma picada de mariscos, que é servida fria com mexilhões, lagostins, vieiras, rodelas de lula e mariscos. Tudo numa espécie de escabeche. Soninha resolveu misturar os elementos da picada com alface e tomate e a transformou numa salada muito interessante. Só faltou um azeite de oliva de boa qualidade, quem deve existir em Camarones.
30 km (de ripio, é lógico) nos levaram à Reserva Dos Bahias, onde 80 mil pingüins de Magalhães procriam. São duas colinas um pouco longe da praia com muitos arbustos e cheias de tocas. Em cada uma delas um casal com um ou mais filhotes. Caminhos sinalizados e passarelas conduzem os visitantes pelo meio do habitat. A barulheira é grande. As aves grasnam e andam de lá para cá, sobem nas passarelas, se aproximam dos humanos cheios de curiosidade. Para fotografar é uma festa.
No dia seguinte, mais pingüins. Desta vez em Punta Tombo, a maior pingüineira de magalhanicos do mundo. O esquema é parecido com o de Canarones, mas há quem diga que são um milhão de aves. Como a área é muito maior, a sensação é que a reserva visitada anteriormente é mais divertida, com mais pingüins próximos e mais assanhados, embora em Tombo eles também andem pelas passarelas com desenvoltura e despreocupação. A diferença é que há muito mais turistas e, por isto, menos sossego.
No final do dia chegamos a Puerto Madryn, que é uma cidade grande e cheia de graça na beira mar. É o ponto de acesso à Península de Valdés, Patrimônio Natural da Humanidade há 70 km do centro. Dentro do parque as estradas são de ripio e somam 250 km entre os “miradores” públicos. Janeiro não é boa época para visitar a península, pois a principal atração do parque, as baleias francas, estão ausentes, reproduzindo nas costas do nordeste brasileiros. Mas ver as colônias de lobos e elefantes marinhos procriando já vale a pena. Há uma pingüineira que parece modesta diante das já avistadas. As paisagens são estupendas até para quem está acostumado com cenários marinhos. A cor do mar é exageradamente azul e tudo transmite uma enorme paz. Num dos estacionamentos tatus e raposas corriam entre os carros sem abalarem-se com a turistada.
Passamos um dia inteiro percorrendo a península e voltamos a Puerto Madryn para recuperar as forças e retornar à Ruta 3 que, em dois dias, nos colocará em Buenos Aires.
Adiós, Patagônia. A fase Animal Planet de nossa viagem acabou.

4 comentários:

Anônimo disse...

Gastão e Soninha

Que bons ventos e boas estradas os conduzam aos mais emocionantes lugares do mundo. Só hoje arrumei um tempinho para ler o Carona para o Sul. Pude recordar um pouquinho do que vivenciei - muito pouco perto do que vocês relatam - na viagem com a Família Schurmann, descobrindo Puerto Deseado e Punta Arenas, no Estreito de Magalhães, com direito a uma viagem de avião até Ushuaia (esqueci de levar a bandeira do glorioso Avaí, falha imperdoável).
Mas ler e apreciar as belíssimas fotos do relato de vocês é quase um novo chamamento para um projeto semelhante por nuestra latinoamerica.
Vou ampliar o poema de Neruda e pôr no meu apartamento e no local de trabalho, pra que me inspire a buscar novos caminhos.

Um grande abraço,
Celso Vicenzi.

Frank disse...

sensacional a fota dos 3 pinguins...um com o boné do grêmio. fantástica!

Cris Cardoso disse...

Gastão, eu to arrependida... De não ter ficado escondidinha no porta malas. Teria conhecido essas maravilhas com vocês e, de quebra, levaria o boné do Figueira pra deixar a viagem ainda mais bonita. Mas fica pra próxima. Beijo grande pra vocês.

Anônimo disse...

Soninha e Gastão

Imersa na vida daqui foi um belo presente encontrar vocês no blog hoje. As fotos e os textos nos dão a sensação da magia desse encontro de vocês com fim/início de tudo.Olhando daqui é possível pensar que há mais vida onde imaginamos ser o fim. Tenho muito carinho por vocês.
Beijos Pati (ISI)