sábado, 26 de janeiro de 2008

Do café de Borges ao terraço de Colônia






















Buenos Aires continua linda. Os cafés continuam bons. As praças floridas. E a Calle Florida cheia de brasileiros fazendo fila para comprar coisas da Puma.
Nos andares superiores da charmosa Galeria Pacífico há o Centro Cultural Borges. É como se a turba de turistas não conseguisse avançar aqueles pavimentos onde se pode ver tranqüilamente a exposição de Juan Miró. Os traços e pinceladas de uma simplicidade imaculada sugerem pensar sobre a busca da essência e o que fazemos da vida.
Uma das coisas boas de Buenos Aires é andar a pé. Melhor ainda quando é uma cidade que já se conhece um pouco, o que dispensa alguns rituais turísticos. No circuito do centro, entre a Plaza de Mayo e Plaza de Los Congressos é gostoso de caminhar. A cidade aparece inteira em cada esquina, nas belezas e veleidades. Para ir além recorremos à gigantesca frota de taxis pretos e amarelos que tangem alucinadamente os obstáculos em fininhos que contorcem os nervos.
Num taxi destes chegamos à Recoleta. Em suas praças limpas de gramados lustroso, portenhos semi nus se esbaldam sob o sol do meio dia. No centro cultural do bairro lojas de design doméstico e restaurantes confiáveis. Um costela de cordeiro com molho de menta nos cativou e fez anotar a receita.
Duas quadras e entramos no Museu de Belas Artes de Buenos Aires. Passamos a maior parte da tarde imersos em obras de artistas famosos. Rubens, Picaso, Rodin, Rivera, Van Gogh foram as nossas companhias.
A noite é em San Telmo. O bairro das tanguerias, dos antiquários e galerias de arte. Onde há show de tango há uma van ou um ônibus descarregando turistas (a maior parte idosos) que formam fila para jantares espetáculos geralmente caros.
Mas isto não é tudo de Buenos Aires. Há o que não é espetáculo, o que é a metrópole moderna e seus prédios velhos clássicos e neoclássicos. Há gente de todo tipo e velocidades distintas. Há os “passeadores de perros” pelas ruas. Há livrarias e muitas bancas de jornal. Há o que só Buenos Aires consegue ser. Aquelas coisas das quais só se pode despedir-se tomando um “espresso doble”, como fazia Borges, no café Tortoni.
Colônia
Embarcamos o Capitão Rodrigo num barco para cruzar o Rio da Prata e chegar ao Uruguai. Em Colônia Del Sacramento o escritório de turismo eficiente nos indicou uma pousada delicada no centro histórico. Quarto bem ajeitado com vista para o rio.
A poucos metros da pousada um centro de lojinhas vende orgulhosamente peças de decoração de designers locais. E pode se orgulhar, mesmo. O vigor criativo, notoriamente inspirado em Torres Garcia, está em cada peça. Não há aquele apelo artesanal, a ambição é universalista, fala mais da vida.
E a vida em Colônia passa devagar. O bom mesmo é vagar pelas ruas calçadas com pedras velhas como o tempo, entre as casinhas decoradas com azulejos portugueses em seus pátios espanhóis. A cidade é cheia de motoquinhas e lambretas, espécie de meio de locomoção oficial dos locais e turistas, que as alugam em qualquer esquina.
Na primeira noite, em uma pracinha antiga, o restaurante Casa Grande anunciava noite de paella e flamenco. Ficamos. Tudo aconteceu na rua. O chef montou seus apetrechos na calçada e fez ali mesmo um paella típica. Ao seu lado, um trio de músicos competentes tocava Paco de Luccia. A simbiose som-sabor se espalhou e chegou na mesa na forma de cumbucas generosamente servidas com o prato valenciano.
Ainda entramos um pedaço da madrugada fotografando as ruelas com luminárias coloniais que transforma as ruas de Colônia num pequeno espetáculo noturno.
A cidade está cheia de turistas. Para ficar mais um dia precisamos trocar a pousada por um quarto aconchegante alugado por uma família. Na hora de “la siesta” temos o privilégio de escrever este post num terraço, numa cômoda poltrona com vista para o rio. Todo escritor deveria morar em Colônia.

5 comentários:

Anônimo disse...

Acabo de resgatar a sintonia com vocês. Andei por aí... não tão por aí quanto vocês... mas por aí.
Pegando mais uma carona, vibrei com as fotos e a poesia da escrita.
Aquele “Fim do mundo, princípio de tudo” bate muito fundo.
Continuem principiando, viajantes.
Abraço carinhoso
Sandra Ribes

Anônimo disse...

Oi, teacher.

Continuo acompanhando a aventura!
(Sabe que eu sempre quis que algum professor fosse pro fim do mundo? Mas não era bem o senhor...) ahahaha

;-D

Lili disse...

´Soninha e Gastãozinho, estamos acompanhando tudo desde o início e agora direto de Santiago de Chile continuamos a aventura que viemos conferir uma pequena parte. Com as dicas de vcs vai ficar fácil escolher os melhores caminhos mas por ora ficamos por aqui. Adoramos Santiago, Isla Negra, Neruda, Valparaíso, Portillo e esta bela cordilheira, a comida é claro. Mui rica!!!
Beijão grande e continuem esta Boa Viagem
Fabio e Lili

Lou burger disse...

Olá meu amigo, andei ausente pois viajei tambem , mas vi que sem sombra de dúvida, tem muita estória para contar, belas fotos lindo diário, belas paisagens, isso me remete a vontade de ir até lá e ver td isso ao vivo.
abraços guri
Unica coisa que estragou foi aquela bandeira de um certo time que combunou com o local fim do mundo nem falo o nome do time que da azer
kkkkkkkkkkk

Jorge Ramiro disse...

Buenos Aires é linda, o obelisco, Rua Florida. Um desses restaurantes que você vê na imagem é semelhante a um dos restaurantes em santana. Qual é?