Partimos para celebrar a vida

Não há heroísmo em uma viagem de carro de Florianópolis a Ushuaia. Certamente, anos atrás, o percurso era mais desafiante, com estradas piores, menos estrutura receptiva. Como Patagônia e Tierra Del Fuego viraram referência turística, sabe-se pelos guias que se multiplicaram as estradas, os postos de serviços, a rede de hotelaria.
Nossa proposta de viagem não é ser herói de nada. Deixemos isto para os que já fizeram esta viagem de Kombi, Fusca, motocicleta ou mesmo bicicleta. Nós queremos apenas curtir as paisagens singulares, os sabores diferentes, os outros sotaques, as montanhas , os lagos, os canais entre as centenas de ilhas que pontilham o fim do continente.
O planejamento da aventura iniciou-se no meio da adversidade. Um dia, com uma quimioterapia em curso, resolvemos que queríamos fazer este trajeto e derrubamos da estante os livros e mapas do cone sul. Um mês depois de encerrada a químio fizemos as contas e demos o primeiro passo para começar a viagem. No final de junho de 2006 adquirimos o carro que nos levaria ao extremo sul.
A data prevista era o final de 2006, mas em setembro tivemos mais um percalço médico. Uma cirurgia para tirar um pequeno tumor no cérebro. Consideramos que não houve um atraso, mas que ganhamos mais tempo para planejar a partida.
E entramos 2007 com a convicção de que este era o ano. Preparamos listas de acessórios e equipamentos, relemos todos os livros de viagem ao sul, vimos filmes, visitamos sites, conversamos com pessoas que já haviam experimentado o trajeto. Amadurecemos a viagem.
E agora estamos de partida, com cerca de 40 dias disponíveis. Não queremos passar pelos lugares e simplesmente plotar no nosso mapa um burocrático “passamos por aqui”. Queremos ver a vida de cada lugar.
Mais do que tudo, queremos celebrar a vida e a alegria de estarmos vivos e fazendo tudo para sermos felizes.
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Estamos saindo com 4 dias de atraso. O primeiro desafio foi vencer algumas burocracias (e alguns burocratas!) para deixar a papelada em dia e evitar problemas nas fronteiras e postos policiais. Tudo ok. Lá vamos nós.