sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Valparaíso, Valparaíso...



(Por Soninha)
Chegamos ao litoral do Pacífico. Como tantos outros momentos já vividos, foi forte a emoção: o Pacífico se oferecia para banhar nossas idéias. Depois de cruzar Santiago, conhecer um pouco de uma história que nem imaginamos, ir às lágrimas com Neruda, sair por ruas lotadas... seguimos pela Ruta 68 a Valparaíso.
Primeiro motivados pelo desejo de conhecer um pouco mais sobre um outro recanto de Neruda, um lugar boêmio e romântico. A chegada nos trouxe a realidade: uma cidade com trânsito nervoso, multidões na rua, um lugar aparentemente estranho e caótico. Fomos a uma oficina de turismo, achada por acaso, pedir informações. De lá saímos com um bom mapa e outra dezena de folhetos, especialmente de hotéis.
Logo descobrimos que a cidade se divide em El plan, e a parte alta, Los cerros. Isto significa que para irmos ao hotel de nosso interesse deveríamos subir uma ladeira quase vertical (como a maioria das casas, hotéis e restaurantes prezam pela vista, as ladeiras se multiplicam). Há para ajudar Los Assenssores , que também são chamados de funiculares, uma espécie de bondinho, elevador, ou coisa do gênero, que a gente reza para não despencar. Nos morros as casas se empilham coloridas e desordenadas, lembra uma favela, mas tudo é limpo e caprichado.
O resultado é que quando subimos e nos instalamos numa hospedaria, tipo albergue, descobrimos um pouco do que é Valpo. A casa era maravilhosa, limpíssima, cheia de jovens do mundo inteiro e fica numa região chamada Museo a Cielo Abierto (devido aos muros e casas pintados por artistas) e também na rua de acesso a La Sebastiana , outra casa do poeta. O atendimento foi acolhedor e cuidadoso.
Resolvida esta etapa, fomos almoçar ali perto, num restaurante com vista para toda a baía. Que lugar! Nesta ora já estávamos totalmente encantados. Comemos muito bem. Impossível falar dos sabores do salmão, da salada com abacate, do pisco sour e, para finalizar, o tiramissu. Foi um almoço “soberb”, inspirador para muitas misturas e receitas...
Valpo é um lugar maluco que não pede definição. É lugar de ir pra a rua, no plano ou na ladeira, de se encontrar. Artistas populares fazem a festa e alegram as multidões que os acompanham. É um lugar que, embora de muitos jovens, aceita as mais variadas tribos.
São marcas a alegria, a boemia e a boa comida. Vaparaiso proclama a diversidade. A vista da cidade a noite encanta e enche os olhos: ao ver tudo isto descobrimos porque Neruda a escolheu para sua construir sua “casa del aire”. Aliás, a visita ao Museo La Sebastiana é um momento memorável, onde se respira o cotidiano do gênio da poesia e sua forma engenhosa de viver. Emocionante, mais que na Chascona.
Mas Valpo está se preparando para o reveilon, se enchendo de turistas e tornando tudo demasiado agitado. Seria razoável ficar mais tempo por lá, mas optamos por procurar locais mais tranqüilos. Cumprimos a travessia do continente no sentido leste-oeste. Agora é hora de aproar para o sul. Lá vamos nós.

Um comentário:

Anônimo disse...

Que as águas do Pacífico continuem banhando suas idéias, Soninha. Daqui algumas horas chegará 2008, que ele traga ainda mais possibilidades de celebrar a vida.
Bjão aos dois.
Sandra Ribes